Alguns dias atrás, em um sábado à noite, estava em um
barzinho dentre amigos de longa data, a maioria casais, rindo e jogando
conversa fora. Até que escuto a seguinte frase “Ah, mas fulana não é uma pessoa
namorável, vai a muitas festas e vive trocando as pessoas que fica”. Pergunto-me
então, o que seria uma pessoa namorável?
Primeiramente, gostaria de voltar ao conceito de “ficar”, no
sentido de se estar com alguém ao lado, mas com quem não se possui um
relacionamento estável. O “ficar” nos tempos atuais, virou prefixo para as
paixões momentâneas e o contato físico, sem reconhecimento de alma.
Particularmente, não gosto muito do termo. Acho peculiar para aqueles que
somente sabem transbordar.
As pessoas que transbordam falam do que gostam e do que não
gostam da maneira que querem e quando querem. Quando gostam de alguém, mesmo
pelo pouco tempo que seja elas falam e dissertam sobre. Elas não temem os “eu
te amo” falados com vigor, os beijos apaixonados e os “fica mais um pouco, não
vai embora”.
Aparentemente, pessoas assim, em tempos de pouco amor, são
denominadas carentes ou pouco atraentes aos olhos daqueles que só pensam no “ficar”.
O ficar, sem na verdade estar ou permanecer.
Voltemos, assim, ao segundo ato desse nosso dialogo, a
questão do ser namorável. O que é ser namorável? O que fazer para que alguém o
note como sendo um ser incrível com que se possa ter o prazer da presença
mediante as situações boas ou ruins? Da netflix a balada com os amigos numa
sexta-feira à noite, almoço com a família no domingo e acordar as 7hrs da manhã
de uma segunda-feira, olhar para o lado e encontrar a sorte em ter a pessoa que
se ama ao lado.
Para tanto, necessitamos entender o lado contrário da
situação. O ser “não namorável”. Aquele que é livre e não liga para as opiniões
alheias a seu respeito. Se diverte a seu modo, tem muitos amores, quebra a cara
diversas vezes mediante as situações inusitadas que poucos acreditariam se
contasse. Pode ser que vá a muitas festas, mas as aparências não traduzem o
interior pouco provável.
Esses são os termos induzidos pela sociedade que nos cerca,
ou a maior parte dela.
Eu não acredito que existam pessoas não namoráveis e
namoráveis. Muito menos que elas possam ser reduzidas a conceitos. Eu acredito
no amor. Eu acredito que todos nós possamos encontrar pessoas que nos
transbordem. A metade da laranja não existe. É mero boato de pessoas incompletas,
que necessitam, primeiramente, do complemento em si. Do amar-se, sobretudo,
antes de amarem outro ser.
Existem ainda, as pessoas que não se encaixam nos termos
induzidos pela sociedade, “bela, recatada e do lar”. Talvez, muito provável,
que nunca se encaixem. Mas isso é por gostarem da liberdade a que são
atribuídas. E por gostarem tanto dela, querem compartilha-la, algum dia, com outro
alguém. Só não sabem o dia, nem a hora, ou o mês, muito menos o ano. E por
incrível que pareça às pessoas de boa fala e pouco senso, estão felizes assim.
São completas e se completam. Só lhes falta o transbordar.
Por fim, faremos uma conceituação da palavra "transbordar". Transbordar é ser mar em dia de chuva. É quando o corpo é pequeno demais para a própria alma. É quando você vem e eu não quero que vá embora. É quando pessoas de verdade adentram as nossas vidas e corações com uma intensidade maior do que o corre das águas nas cataratas do Iguaçu. Cada um transborda o que tem dentro de si.
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