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A nossa música nunca mais tocou

E daquela noite só restaram os vestígios do que um dia já fomos. Se é que fomos. Se não fomos... o que é que somos? A tua presença já não me transmitia paz. O teu calor já não me trazia desejo. Das tuas caricias só restaram os devaneios. Os meus anseios. Os meus antigos desejos. As tuas antigas falas. Os teus antigos, tão bem ditos "eu não vou a lugar algum, estarei sempre aqui com você". E por mais cruel que possa parecer, no trincar da porta eu clamava para que fosse o quanto antes. Eu já não pertencia mais a você. Nem você a mim. Se é que algum dia pertençamos a alguém ou cheguemos a nos pertencer. Foi melhor assim, disse para mim e digo a você. Foi bom enquanto durou. Agora acabou. Vai encontrar outro alguém que lhe faça bem, por enquanto, está tudo bem. Você não era o meu Romeu, a mesmo modo em que eu não chegaria aos pés da sua Julieta. Éramos o cravo e a rosa. Iguais e tão diferentes... Demorei a perceber o quanto estávamos rasos e no quanto eu estava só quando éramos dois. As pessoas ditam os amores glamurosos, as paixões infinitas.. mas são os amores falhos que os deixam ainda mais cobiçados por aqueles que demoram a encontrar. Quem sabe um dia nos encontremos novamente, com os corações mais decididos e as mentes menos conturbadas com as dores presentes de um passado tão recente. Pode ser que não tenhamos nos conhecido no lugar ou momento certo. Pode ser que tenhamos enganado o destino ou que apressemos as coisas na medida em que elas aconteceram tão rápido quanto quaisquer amor de verão. Pode ser também que esse realmente tenha sido o fim de algo que parecia tão bonito no inicio e acabou-se no afago de um abraço as preces de um clamado "the end". A nossa música nunca mais tocou. Que coincidência é o amor.

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